Voltamos a final de outubro.
“Tô achando estranho que a minha menstruação tá atrasada, será que tô com alguma coisa?” Digo pro Fábio e ele responde “Não deve ser nada”. Os dias passam e nada da bendita, mas em nenhum momento pensamos que poderia ser gravidez, nem cogitamos. Até que ele tem a ideia do teste de farmácia… Fiz mais pra descarregar a consciência e lá aparece o bendito positivo, fizemos mais dois e positivo outra vez. Me desesperei e corri pra internet, queria saber a probabilidade disso dar errado, e entre tantas buscas cheguei em uma que comentava sobre “falsos positivos em mulheres que estão tomando antibióticos para infecção urinária” o que era exatamente o meu caso. Só tinha uma solução: exame de sangue.
Então em um sábado de manhã cedo, antes de ir para o trabalho, parei em um laboratório e fiz o bendito. E só te digo uma coisa: NUNCA (em letras garrafais) faça um teste de gravidez no sábado, vai demorar dois dias pra ficar pronto e você vai morrer do coração. Passamos o final de semana entrando no site do laboratório com o F5 sem parar e nada. Na segunda pela manhã, estava eu chegando no trabalho e me liga o Fábio “amada, tu não tá grávida… (Aqui eu suspiro de alívio)… Tu tá MUITO grávida (Aqui eu com as pernas bambas de pânico).”
Se eu te disser que foi tudo como em propaganda de margarina, onde as pessoas choram de felicidade e pulam cheias de amor no pescoço um do outro, vou contar a maior mentira do mundo. Não foi fácil, não foi planejado, e eu nunca me imaginei de fato mãe. Porque cá entre nós, a distância entre falar de gravidez e ela de fato acontecer com você é infinita!
Mas aí não tinha mais pra onde correr… E só te sobra uma coisa: aceitar e aprender a viver uma nova vida.
Não foi nada fácil, ninguém te conta essa parte. Sofri bastante, primeiro porque tu tens que abrir mão de ti e das tuas vontades, ninguém vai começar um mestrado grávida, ou planejar passar 6 meses fora do país estudando. Agora a vida vai ser outra! Segundo porque passei mal, muito mal. Pressão baixa, enjoo, vômito, todas aquelas coisas “incríveis” que ninguém conta. E tudo isso em pleno dezembro, Natal e eu trabalhando no varejo (Y).
Tive em muitos momentos vontade de sumir, fugir, sair correndo. Foi desesperador ver todos que me rodeavam tão felizes e emocionados e eu tendo que entender o que estava acontecendo, me senti sem coração, me senti insensível mesmo.
Mas o tempo passa, sabe? As coisas sempre tem o seu tempo, cada pessoa tem o seu tempo. E a gente vai reaprendendo a viver, a conviver com uma nova vida, a entender o corpo, a ver os sinais. Ouve o coraçãozinho, vê o bebê se mexendo, SENTE o bebê se mexendo, dá um nome… E um belo dia acorda amando tanto aquela miniatura que cabe na palma da mão, que não para de chutar e que parece contigo (salve ultrassom 3D).
Hoje estamos quase com 26 semanas = 6 meses e meio, Elena tá a cada dia mexendo mais e parece que interage com a gente, fica quietinha ouvindo música e quando eu desligo começa a mexer. É desconfiada com mãos estranhas na barriga, adora ficar do lado esquerdo e tem os pés mais fofos do mundo todo.